Desocupação, Endividamento e Inadimplência

No dia 26 de junho (quinta-feira), o Banco Central do Brasil (BC) divulgou o Relatório de Política Monetária do 2º trimestre de 2025. Neste documento, o BC apresenta uma análise bastante detalhada sobre o panorama econômico, inflacionário e de juros, tanto em nível global quanto em nível local. O nosso objetivo é apresentar os dados principais sobre desocupação, endividamento e inadimplência com base no Relatório de Política Monetária do Banco Central. Em nossa opinião, a divergência entre as políticas fiscal e monetária pode ser capturada através desses indicadores.                             

Boa leitura.

Desocupação

De acordo com o Relatório de Política Monetária do BC, a taxa de desocupação (mede o nível de ocupação formal e informal) atingiu o patamar mínimo desde abril de 2023. O nível de desocupação da população brasileira encerrou o mês de abril de 2025 em 6,2%. Embora seja positivo que a taxa de desocupação esteja na mínima das últimas duas décadas, ela também impõe desafios à economia. 

Isso ocorre pois tendo-se um menor contingente de mão de obra disponível no mercado de trabalho, há um aumento no salário de admissão e no número de desligamentos voluntários. Com efeito, se o mercado está escasso em mão de obra, as empresas precisarão oferecer um salário inicial maior para contratar novos funcionários. Além disso, o trabalhador – inclusive aquele que já está empregado – estará mais propenso a trocar de emprego, mesmo que seja para executar a mesma função. O salário maior justificará a troca. 

Portanto, o aumento nos custos de contratação e a maior renda disponível para consumo em virtude da menor desocupação dos trabalhadores, ambos pressionam a inflação, seja pelo repasse dos custos das empresas, seja pela maior demanda por produtos e serviços por parte dos consumidores.   

Endividamento e inadimplência

Apesar da pujança do mercado de trabalho, a economia brasileira apresenta alguns sinais preocupantes. Vejamos dois deles: a taxa de juros está em 15% ao ano e a inflação dos últimos 12 meses está em 5,32%. O Brasil é um dos países com a maior taxa de juros no mundo e, ainda assim, a inflação não consegue recuar para o intervalo de tolerância definido pelo Banco Central do Brasil: entre 1,5% e 4,5% ao ano.

Para além da taxa de juros e da inflação, o Relatório de Política Monetária do BC apresenta dois indicadores importantes a respeito da saúde financeira dos brasileiros: o nível de endividamento e de inadimplência. Vejamos a seguir dois gráficos que apresentam, respectivamente, a evolução do endividamento e da inadimplência dos brasileiros na última década.

Fonte: Banco Central do Brasil.
Fonte: Banco Central do Brasil.

Com base nos gráficos apresentados, o endividamento e a inadimplência dos brasileiros retomaram o viés de alta. Isso é uma reversão da dinâmica observada nos últimos dois anos. Se por um lado, a desocupação está diminuindo, por outro lado, estamos nos tornando cada vez mais endividados e inadimplentes. Logo, podemos afirmar que uma parte relevante da renda gerada pelo trabalhador está sendo corroída pela inflação e pelo pagamento de dívidas. 

Conclusão 

O menor nível de desocupação não se traduz necessariamente em uma maior prosperidade econômica para as pessoas. Por exemplo, uma parte relevante da renda do trabalhador pode simplesmente retornar para a economia através do consumo, impostos, inflação e dívidas. Se na pandemia da Covid-19, a falta de educação financeira fez com que muitos brasileiros quebrassem, agora ela impede que essas mesmas pessoas não consigam prosperar. Presas ao consumismo e ao imediatismo, as pessoas ficam à mercê da sorte. Quando recebem um salário maior, gastam como se não houvesse amanhã. Quando recebem um salário menor, economizam em tudo.                              

Referências

https://www.bcb.gov.br

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